Games e Animação: Como essas mídias podem se influenciar?

Games e Animação: Uma História

Games e Animação são mais próximos do que pensamos, e, mutuamente se influenciam. São mídias populares e, juntas, podem criar obras geniais.

Enfim, já nos anos 80, alguns jogos foram adaptados para desenho animado. Como por exemplo, o icônico personagem PacMan.

Games e Animação PacMan

O jogo foi criado em 1978 pela Namco . Seu objetivo era, antes de tudo, ajudar uma cabeça amarela a devorar pequenos pontos em um labirinto, enquanto fugia de vários fantasmas. PacMan se tornou um ícone da cultura pop, estampando, portanto, diversos produtos até os dias de hoje. Como, por exemplo, camisetas, canecas, colares, mouse pads

Em 1982, aproveitando o sucesso, o estúdio Hanna-Barbera, produziu uma das primeiras séries animadas a juntar games e animação: Pac-Man, O Comilão.

Games e Animação

Como resultado, várias adaptações de jogos para animação se seguiram, contudo com qualidades variadas. Como, por exemplo, Super Mario Bros. (1989); Street Fighter II Victory (1995); Sonic (1993); Mortal Kombat (1996), entre outras. Mais recentemente vale, do mesmo modo, destacar, especialmente pelo bom trabalho de transposição, a série Castlevania (2017-presente), da Netflix.

Games e Animação
Castlevania – Netflix

Entretanto, todas essas produções estão mais focadas no enredo dos jogos do que na linguagem e lógica dos videogames.

O caminho inverso de adaptações pode ser, do mesmo modo, mencionado. Alguns desenhos animados foram transpostos para os jogos eletrônicos, se tornando, inclusive, clássicos entre os aficionados. Como, por exemplo, As Tartarugas Ninja (Teenage Mutant Ninja Turtles: Turtles in Time, 1991), Os Simpsons (The Simpsons Arcade Game, 1991) ou Aladdin (1992).

Ducktales

Podemos destacar duas adaptações. DuckTales, de 1989, inspirado no desenho homônimo que fez tanto sucesso a ponto de ter uma versão do jogo remasterizada em 2013. E Dragon Ball FighterZ (2018), cuja qualidade passa para os players a impressão que estão jogando o próprio anime baseado no trabalho de Akira Toriyama.

Dragon’s Lair: Inovação nos Games e Animação

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Um caso interessante é o de Dragon’s Lair (1983). Ao contrário de todos os outros videogames em estilo sprite pixelado nos fliperamas do período, Dragon’s Lair possuía seus gráficos feitos em desenho animado. Isso fez com que ele se tornasse instantaneamente famoso entre os jogos de arcade.

Segundo os jornais da época, durante 1983, havia pessoas fazendo fila do lado de fora dos fliperamas apenas para jogar Dragon’s Lair. Em fevereiro de 1984, sua produtora, Cinematronics, arrecadou mais de 32 milhões de dólares com o jogo.

Don Bluth, ex-animador da Disney, que com seu estúdio criou Fievel – Um conto Americano (1986) e Em Busca do Vale Encantado (1988), desenvolveu a parte animada de Dragon’s Lair.

LaserDisc: Unindo Games e Animação

Um dos grandes diferenciais de Dragon’s Lair foi ser um videogame gravado em LaserDisc, capaz de melhor áudio, melhores gráficos, melhor resolução. Os gabinetes de jogos de arcade originais do Dragon’s Lair usavam um disco laser de um lado, do outro lado do disco era feito de metal para evitar dobras.

No game, dentro de um universo de fantasia medieval, o jogador precisava tomar decisões sobre as ações do protagonista, o cavaleiro Dirk. Em outras palavras, era um jogo de arcade interativo. Na época eles os chamavam de “entretenimento de vídeo participativo”.

Em Dragon’s Lair, você não controla Dirk, ao invés disso, você o direciona sobre o que fazer. O jogador decide fazer um movimento correto ou incorreto com o joystick que determinaria o resultado do jogo.

O game tem 38 a 42 episódios diferentes com mais de 1.000 situações de vida ou morte e mais de 200 decisões diferentes a serem tomadas.

Dragon’sS Lair posteriormente foi adaptado para uma versão em desenho animado para televisão. Ironicamente não por Don Bluth, mas pela empresa concorrente Ruby-Spears. Aqui no Brasil, a animação ficou conhecida como Os Invencíveis Dragões (1984).

Podemos concluir que jogos como Dragon’s Lair deram para os futuros games a ideia das cut scenes, que trazem o conceito de narrativa cinematográfica, utilizando animações em determinados momentos para enriquecer o desenvolvimento das histórias.

Linguagem dos Games em Animações

Como os videogames já se tornaram parte integrante do nosso cotidiano, através de consoles, portáteis, computadores, celulares, sua linguagem e narrativa se tornaram, portanto, parte do senso comum do público. Com isso, várias produções audiovisuais assimilaram sua linguagem para contar histórias. No presente artigo vamos dar alguns exemplos de animações, deixando produções live action para um texto futuro.

Scott Pilgrim vs Games Beat’em up

Comecemos com Scott Pilgrim vs. the Animation (2010), um prequel do filme Scott Pilgrim contra o mundo (Scott Pilgrim vs. the world, 2010), de Edgar Wright. Todos dois adaptados do quadrinho Scott Pilgrim, escrito e desenhado por Bryan Lee O’Malley.

O curta-metragem em animação Scott Pilgrim vs.The Animation. foi realizado em parceria entre a Universal e o estúdio de animação Titmouse Inc. O desenho narra como Scott Pilgrim começou a namorar Kim Pine, tendo que salvá-la de Simon Lee, aluno de outra escola e ex-namorado dela, que a sequestrou. A estrutura narrativa lembra um minigame Beat’em up, em que o herói precisa resgatar a amada, enfrentando vários capangas até chegar ao big boss – plots principais de Double Dragon (1987) e River City Ransom (1989).

Outro elemento gráfico dos games utilizado na construção da narrativa é o uso de K.O. – abreviatura de knock out (nocaute) – que aparece na tela quando um dos jogadores é derrotado.

Hora de Aventura, Jogos de Plataforma e Card Games

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Em um dos episódios da série Hora de Aventura (Adventure Time, EUA, 2010 – presente), “Guardians of Sunshine” (2011), os personagens principais Finn e Jake são transportados para dentro do seu jogo favorito, do gênero plataforma, e utilizam recursos deste tipo de game para tentar voltar ao mundo real.

Em contrapartida, o episódio “Card Wars” deu origem a um game para smartphones bastante popular: Guerra das Cartas: O Reino. A lógica do jogo lembra bastante os clássicos Magic:The Gathering e Yu Gi Oh!

Detona Ralph e 16 Bits

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O longa-metragem Detona Ralph (Wreck-It Ralph, EUA, 2012), da Disney, além de mencionar vários personagens clássicos e gêneros de games, apresenta, em sua abertura, um visual baseado na geração 16 bits.

Teen Titans Go! – Player vs Player e jogos clássicos

Na série Teen Titan Titans Go! (EUA, 2013 – presente), baseada nos personagens de quadrinhos Jovens Titãs, da DC Comics, quando Ravena e Terra se enfrentam, o embate é anunciado conforme uma luta estilo Player vs Player.  Em outro episódio, “Serious Business” (2014), Robin descobre que o banheiro é um lugar divertido e desce pelo vaso sanitário em uma sequencia que lembra a série Super Mario Bros. Existe, inclusive, um episódio inteiro dedicado a referências a jogos chamado “Video Games References (2015), no qual os Titãs mergulham em diferentes mundos de videogame, citando, por exemplo, PacMan ou The Legend of ZeldaA cada jogo homenageado, o visual do desenho se adapta ao game original.

 

Gravity Falls e Street Fighter

Em Gravity Falls (EUA, 2012 – 2016), no episódio “Fight Fighters” (2012), o personagem principal, Dipper, traz para o “mundo real” um personagem de videogame explicitamente inspirado na franquia Street Figther. Mesmo fora do mundo virtual, ele mantém as características e os movimentos típicos do jogo e, ao lutar, barras de status aparecem na cena. Nas cenas pós-créditos, os personagens da série são estilizados como protagonistas de games, simulando um menu de seleção.

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Gumball, 8 Bits, Games de Luta e RPG

Mas, entre todas as séries animadas mais recentes, talvez a que melhor utilize a linguagem dos vídeogames em suas narrativas é O Incrível Mundo de Gumball (The Amazing World of Gumball, EUA / Reino Unido, 2011 – 2019).

Na série existe um personagem que homenageia os games 8 bits, chamado Ocho (Oito, em espanhol). No episódio “The Phone” (2013), Gumball e Darwin, protagonistas da série, precisam enfrentar Ocho, e toda a sequência segue a lógica dos games, incluindo vidas extras e homenageando o clássico Spaces Invaders.

Em outro episódio do show, “The Words” (2013), os dois irmãos, Darwin – o peixe-dourado – e Gumball – o gato azul – iniciam uma luta de troca de insultos, ambos se imaginando dentro de um jogo ao estilo Street Figther, com direito a caracterização em 16 bits, golpes especiais, barra de status de ego e plateia assistindo ao fundo.

O desenho também faz uma homenagem à franquia de games de RPG Final Fantasy e outros jogos do gênero no episódio The Console” (2017). A história inteira é montada como RPGs clássicos, com caixas de diálogos na parte debaixo da tela e monstros aparecendo aleatoriamente para lutar contra Gumball e seus irmãos, Darwin e Anais. O mundo do jogo influencia a realidade do desenho a ponto de, após escolher o nome “Mybutt”, todos os demais personagens chamam Gumball apenas por esse nome.

Games e Animação: uma parceria promissora

Todos esses exemplos mostram como os games podem contribuir para a cultura pop, influenciando outras mídias distintas, trazendo, portanto, infinitas possibilidades de construções narrativas, através da inter-relação entre diferentes linguagens.

Enfim, existe todo um novo universo a ser explorado, e, aqui no Pátio Digital Academy, nós focamos exatamente em criar uma simbiose de sucesso entre jogos digitais e animação 3D.

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