Psicologia e videogames: descubra como é a relação entre eles!

Introdução

Psicologia e videogames possuem uma relação mais estreita do que os temas parecem demonstrar. Existem várias pesquisas na área sobre os efeitos dos videogames nos jogadores.

A maioria desses estudos conclui que os videogames, como qualquer jogo, possuem benefícios cognitivos, emocionais e sociais, e que, no geral, eles podem trazer ganhos, desde que jogados de forma moderada. Aliás, máxima que se aplica a qualquer tipo de hobby.

Também como em qualquer jogo, videogames são atividades intrinsecamente motivadas, envolvem engajamento ativo e resultam em uma descoberta alegre. Desse modo, esses fatores são reconhecidos como bons para o desenvolvimento cognitivo, emocional e social.

Contudo, eles possuem algumas particularidades próprias que podem trazer benefícios notáveis.

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Por exemplo, certos games de ação aumentam as habilidades de atenção visual. Outros, por outro lado, como o Tetris, melhoram as habilidades espaciais, como o tempo de rotação mental. Alguns games são reconhecidos, ainda, por seu potencial para promover o comportamento pró-social.

Em suma, os videogames podem ter um impacto positivo na saúde e no bem-estar.

Bem-Estar

Existem, inclusive, alguns videogames que são explicitamente projetados para tratar crianças com transtorno de déficit de atenção e hiperatividade. Porém, estudos e depoimentos de jogadores demonstraram que jogos comerciais como Animal Crossing: New Horizons também estão positivamente associados ao bem-estar afetivo.

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Esses tipos de games, que possibilitam uma relação entre seus usuários, são denominados por alguns pesquisadores e desenvolvedores como jogos sociais.

Eles, em particular, podem influenciar positivamente o bem-estar, de acordo com estudos científicos. Especialmente quando esses jogos envolvem elementos cooperativos que encorajam interações positivas, seja com outros jogadores ou personagens não-jogadores no universo do game.

Pesquisadores realizaram um estudo com jogadores de World of Warcraft, dentro da faixa etária entre quatorze e sessenta e cinco anos, na Queensland University of Technology, Austrália. Eles descobriram que os sintomas de depressão, estresse e ansiedade relatados pelos jogadores foram os previstos, levando em consideração seus níveis de apoio social pessoal.

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Entretanto, aqueles que jogavam mais socialmente, conectando-se com amigos ou ingressando em uma guilda para encontrar outros jogadores, também relataram uma ligeira redução nos sintomas. Isso considerando o fato de jogarem com moderação.

Relações Sociais

Do mesmo modo, um estudo de 2011 sobre Psicologia e videogames também se debruçou sobre as relações sociais desse nicho.

De acordo com ele, mais de setenta por cento dos gamers jogam com um amigo, e milhões de pessoas em todo o mundo participam de enormes mundos virtuais por meio de videogames como, por exemplo, Farmville e World of Warcraft.

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Esses jogos multiplayers acabam se transformando em comunidades sociais virtuais. Neles, os jogadores precisam tomar decisões rapidamente ao escolher em quem confiar ou rejeitar, ou como liderar um grupo.

O estudo apontou, inclusive, que as pessoas que jogam videogames que incentivam a cooperação têm mais probabilidade de serem úteis para os outros.

“Exergames”

Alguns estudos se focaram em exergames”, ou seja, jogos que são relacionados com exercícios e atividades físicas, como por exemplo Wii Fit e Just Dance.

Como resultado, descobriram que esses games podem ser psiquicamente encorajadores para que os jogadores se tornem mais ativos. Consequentemente, isso melhora suas medidas de saúde física, como equilíbrio e flexibilidade.

E, embora esses games de atividades físicas sejam mais eficazes quando combinados com exercícios tradicionais, os indivíduos se mostraram mais propensos a continuar jogando do que ir à academia.

Estudiosos da Universidade de Konstanz, Alemanha, realizaram uma pesquisa envolvendo “exergames”, com sessenta e um participantes com esclerose múltipla.

Eles descobriram que os pacientes designados para jogar um “exergame” demonstraram as mesmas melhorias no equilíbrio e na marcha que aqueles que foram designados para um regime de exercícios tradicional. Da mesma forma, os jogadores também eram cinquenta e cinco por cento mais propensos a aderir à intervenção até seis meses depois.

Habilidades Cognitivas

Também segundo um artigo de revisão de pesquisa, publicado na revista científica American Psychologist, videogames podem impulsionar o aprendizado, a saúde e as habilidades sociais das crianças.

Na realidade, videogames podem fortalecer uma gama de habilidades cognitivas, como navegação espacial, raciocínio, memória e percepção. Tudo isso de acordo com os vários estudos revisados no artigo.

Os autores descobriram que tal fato ocorre inclusive e, em especial, com jogos de tiro, que geralmente são criticados por serem violentos.

Uma meta-análise realizada em 2013 descobriu que games de tiro melhoram a capacidade de um jogador de pensar sobre objetos em três dimensões.

O refinamento dessas habilidades espaciais é importante para um bom desempenho em Ciência, Tecnologia, Engenharia e Matemática, por exemplo.

Resolução de Problemas e Criatividade

Jogar videogame também ajuda as crianças e os adolescentes a desenvolverem suas capacidades de resolução de problemas lógicos.

Pesquisadores averiguaram que quanto mais esse público relatou se dedicar a videogames estratégicos, como jogos de RPG, mais eles melhoraram na resolução de problemas. Consequentemente, suas notas escolares no ano seguinte também mostraram uma melhora significativa.

De maneira igual, de acordo com um estudo de longo prazo publicado em 2013, a criatividade das crianças também foi aprimorada por jogar qualquer tipo de videogame, até mesmo aqueles aparentemente simples.

Inclusive, estes últimos são chamados de jogos casuais, por serem fáceis de acessar e jogar de maneira rápida. Segundo pesquisa, eles podem melhorar o humor do usuário. Também são capazes de promover relaxamento e afastar a ansiedade. Um exemplo de jogo casual popular é Angry Birds, sendo ele o alvo desse estudo.

Os videogames também demonstraram ser ferramentas eficazes para o aprendizado da resiliência diante do fracasso. Quando lidam com as falhas contínuas nos jogos, os autores sugerem que as crianças desenvolvem uma resiliência emocional, com a qual podem confiar e utilizar para lidar com os desafios que encontram em suas vidas cotidianas.

Em outras palavras, os videogames podem estimular a perseverança, que geralmente é reconhecida como importante no aprendizado em geral.

UX – Usuário Final

Psicologia e videogames não se relacionam apenas na área de pesquisas científicas. Também no desenvolvimento dos jogos, especialmente em grandes empresas, existe um departamento focado na experiência do usuário.

O termo UX refere-se à consideração do usuário final, um ser humano, quando projeta algo. A proposta da filosofia e mentalidade do UX está em melhorar o processo de design do produto – no caso, games – para oferecer a melhor experiência possível aos usuários.

A Psicologia Cognitiva é uma das bases da prática de UX. Experimentar um objeto, um ambiente, um serviço, um site ou um videogame acontece em nossas mentes. Portanto, se os criadores e desenvolvedores desejam oferecer a melhor experiência possível aos seus clientes ou usuários, eles precisam entender o que está acontecendo na mente de um ser humano enquanto ele interage com o produto.

Em outras palavras, a ideia por trás dos conhecimentos de Psicologia utilizados em UX busca criar videogames que ofereçam uma experiência útil e divertida aos jogadores.

Outra preocupação dessa proposta, focada no usuário final, é tornar esses games inclusivos e acessíveis para todos os tipos de jogadores.

Uma das principais referências em Psicologia e videogames, no que se refere a UX, é o livro The Psychology of Video Games, de Celia Hodent. Nele, a autora tenta explicar a um público amplo como os jogos são feitos, como a Psicologia é usada para melhorá-los – em suma, como funciona a filosofia UX.

Concluindo, tanto o estudo dos games por psicólogos quanto a aplicação de conhecimentos da Psicologia na criação dos mesmos possuem um alto potencial de desenvolvimento, podendo, certamente, beneficiar, em muito, os jogadores.

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